O impacto do abuso
sexual em crianças não é uniforme e pode variar de acordo com o tipo de violência
sofrida, ambiente em que ocorreu, tipo de vinculo do agressor, tempo vivido
nesta violência, idade da criança, a idade e sexo do abusador e os efeitos da
revelação.
Acreditou-se
que as respostas a essas indagações ajudariam a direcionar profissionais e
sociedade no acolhimento da criança, e da família que enfrentam processos
judiciais em decorrência de violência sexual....Habigzang, Luísa Fernanda; Koller, Sílvia Helena; Stroeher, Fernanda Helena; Hatzenberger, Roberta; Cunha, Rafaela Cassol; Ramos, Michele da Silva.
Descrevem na sua pesquisa um Roteiro interessante para avaliação de denuncia de Abuso Sexual.
Muito bacana e portanto, compartilho com vocês.
Roteiro de entrevista para avaliação de denúncia de abuso sexual infantil
Rapport
Como é todo seu nome?
Meu nome é ___. Sou psicóloga (ou outra função profissional quando for o caso). Você já conversou com uma psicóloga antes? Sabe o que uma psicóloga faz? (Breve explicação sobre o trabalho do psicólogo)
Questões gerais
Quantos anos você tem?
Com quem você mora?
Você estuda?
Em que série você está?
Você tem amigos na escola? E perto da sua casa?
O que você costuma fazer quando não está na escola?
Que atividades gostas de fazer?
Pergunta de transição
Agora que já nos conhecemos um pouco, gostaria de saber se você sabe por que está aqui hoje?
Observação: as crianças muitas vezes já introduzem o tema do abuso. Caso digam que não sabem, os entrevistadores podem apontar o assunto da entrevista. Sugestão: “eu soube que você teve alguns problemas na sua família (caso seja intrafamiliar) e eu gostaria de saber de ti o que foi que aconteceu. Será que podemos conversar um pouco sobre isso?”
Questões sobre o abuso
Como isto acontecia? (aqui investigar quem, onde, rituais de entrada e saída)
Os abusos deixaram de acontecer, ou ainda acontecem?
Que idade você tinha quando o abuso aconteceu pela primeira vez?
Que idade você tinha quando o abuso deixou de acontecer?
O abuso aconteceu mais de uma vez?
Você contou para alguém que isso estava acontecendo?
Para quem você contou?
Você sofreu algum tipo de ameaça para não contar sobre o abuso?
Fulano (nome do agressor) alguma vez bateu em você ou te xingou?
E o que aconteceu depois que você contou sobre o abuso?
Como sua família reagiu/o que ela fez depois que você contou sobre o abuso?
Você foi à delegacia ou ao Conselho Tutelar falar sobre o abuso?
Conta-me como foi ir a estes lugares.
E o que aconteceu depois?
Como está sua vida agora?
Observação: algumas destas questões não precisam ser formuladas porque a criança poderá trazê-las em seu relato livre.
Questões finais
Fortalecer vínculo de confiança. Por exemplo, “eu gostaria de te agradecer por ter confiado em mim para contar sua história. Sei o quanto é difícil falar sobre isso. Gostaria que soubesses que acredito em tudo o que me falaste. A partir de agora tu podes contar comigo” (dar telefone do local de trabalho para que a criança possa fazer contato, caso necessite).
Investigar percepção de culpa e desculpabilizar a criança. Por exemplo, “eu já conversei com outras pessoas que passaram por experiências parecidas com a tua e algumas me disseram que sentem culpa pelo que aconteceu. Você se sente culpado?” Explicar que o responsável pelo abuso é o adulto que tem condições de avaliar o que é certo e errado. Apontar que o entrevistado não tem culpa pelo acontecido.
Avaliar impacto da entrevista para a vítima. Por exemplo, “eu gostaria de saber como você está se sentindo agora depois de ter me contado sobre o abuso”.
L.F.Habigzang et al.
ARTIGO COMPLETO:
http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=512392&indexSearch=ID

Muito bom, obrigada por compartilhar sempre
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